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Fricção na Saúde: o assunto é a vacina chinesa

Atualizado: 10 de nov. de 2020

Disputa política acerca da compra da vacina contra a Covid-19 tende a polarizar ainda mais o debate superficial, enquanto a economia afunda sem o governo tomar as rédeas.


Inicialmente publicado no Medium.


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A vacina CoronaVac é produzida pelo laboratório chinês Sinovac.


Há dois dias o presidente Bolsonaro deu ares de que não compraria a CoronaVac, a vacina produzida pelo laboratório chinês Sinovac, pois seria mais cara, e sua eficácia foi posta em cheque. O investimento se aproximaria de 2,6 bilhões de reais. Comprar a vacina indicaria uma vitória política do governador de São Paulo, João Dória; o Instituto Butantan é o parceiro nacional na produção da vacina. Assim, a postura do presidente sugeriu polarização em uma disputa política que vem parecendo, ao longo da pandemia, antecipar uma futura corrida para o próximo pleito presidencial.


Ontem o Ministério da Saúde, por meio do ministro Pazuello, anunciou a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac — o imbróglio parecia se encaminhar para uma solução, até que hoje a história mudou novamente. Bolsonaro afirmou no Facebook que não irá comprar a vacina. Quem sai perdendo com a disputa certamente é a sociedade, pois o tempo está passando e, em breve, o calendário para a futura distribuição da vacina deverá ser estabelecido pelo Ministério da Saúde, posteriormente a liberação da Anvisa.


Desautorizar Pazuello é o de menos para Bolsonaro; como sabemos, queimar ministros da saúde não é um problema quando se trata de agradar seu eleitorado ou bajular o governo norte-americano. Na ala mais radical do bolsonarismo já circula a informação de que Pazuello estaria traindo o presidente ao autorizar a compra da CoronaVac. Pobre Pazuello, que engoliu sem reclamar a indicação da hidroxicloroquina quando a ciência e o mundo todo indicavam que o medicamento não era eficaz no tratamento da Covid-19. Agora, se tornou alvo do meio que influencia o presidente. Com Mandetta a situação era diferente, o ex-ministro ia publicamente contra o governo e a favor da ciência; o sucessor, Nelson Teich, era moderado, mas como um médico, não pode endossar a cloroquina no tratamento de Covid-19, e deixou o cargo.


Hoje, Élcio Franco, secretário-executivo do Ministério da Saúde veio a público remediar a situação, afirmou que tinham apenas uma intenção de compra, sem vínculo por parte do Governo Federal; já Pazuello, não disse nada. Até agora não se manifestou a respeito. Quem não perdeu a oportunidade de tirar uma casquinha da situação foi o governador Dória. Após o comunicado do presidente em rede social, pediu à Bolsonaro um sentimento humanitário, seu ministro havia agido corretamente. “Não há razão para censurar ou recriminar o ministro por ter agido em nome da saúde e da vida”, disse.


Aonde esta polêmica vai dar — além de distrair o eleitorado de um lado ou de outro — é no aumento da divisão entre as pessoas e no afastamento das preocupações relativas a economia, e como o Brasil irá superar esta crise. Até onde podemos ver, para este problema não se apresenta caminho, projetos e nem prazo. Somos uma nação sem capacidade de solucionar os problemas, e para piorar, perdemos tempo discutindo quem vai levar o crédito da vacina, em cima do sofrimento dos contaminados e da sociedade como um todo

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