ABS, CBS e NBC dão xeque-mate em Trump
- danieltrouche
- 10 de nov. de 2020
- 2 min de leitura
Três emissoras dos EUA interromperam o pronunciamento de seu presidente, na tarde de ontem, que criava a teoria de uma pretensa fraude eleitoral desorientada da realidade e sem provas.
Texto inicialmente publicado no Medium.
Três grandes emissoras — ABS, CBS, e NBC, além de canais menores — reduziram o áudio do pronunciamento do presidente americano e entraram com seus comentaristas esclarecendo que Trump estava pura e simplesmente mentindo sobre votos ilegais, em uma tentativa de desespero em que ele mesmo buscava fraudar as eleições para ganhar no tapetão, em uma presumível decisão da Suprema Corte. Os únicos canais que continuaram a transmissão foram a CNN e a Fox News.
Trump disse que se contassem os votos legais apenas, teria ganho, se referindo aos votos dos correios que ele considera ilegal, tendo em vista que conhecidamente são votos em sua maioria do eleitorado democrata, favorecendo Joe Biden. Entretanto, os votos enviados por correio são legais, previstos na legislação e já se sabia que poderia haver um efeito de Biden crescer nos últimos dias da contagem. Trump discursou notadamente cabisbaixo, abatido, pois prevê a derrota nos votos, é cada vez mais evidente, mas seu posicionamento tanto na política quando nos negócios foi sempre de brigar até o fim, por isto, possivelmente o resultado só será confirmado após decisão da Justiça.
De acordo com reportagem do El Pais, o apresentador da NBC afirmou: “estamos aqui novamente na posição incomum de não só interromper o presidente dos Estados Unidos, mas também de corrigir o presidente dos Estados Unidos”. Mesmo a Fox News, partidária de Trump, apesar de ter lhe dado razão lembrou que não existem provas de espécie alguma de haver fraude. A rede social Twitter, pela qual Trump costuma se manifestar com grande frequência, marcou diversas publicações do presidente com uma etiqueta de “enganosa”.
Uma série de personalidades mais à direita vêm afirmando ser censura das emissoras, mas ocorre que elas não estão proibindo a transmissão em outros canais ou na internet, mas escolhendo cortar de sua programação a fala de um presidente que mente no intuito de inflar seus apoiadores, em possível ameaça à democracia. Seu objetivo foi passar uma mensagem importante: irão combater fake-news em uma tentativa de esvaziar a pós-verdade e os conteúdos falsos, apenas retirando-lhes a audiência.
Já que as maiores instituições dos Estados Unidos não conseguem limitar o perigo do radicalismo sofista, que abusa de mentiras para manipular, cabe à sociedade e as organizações diversas usarem suas ferramentas para passar esse recado. Se as emissoras do Brasil seguirem o exemplo, que sejam didáticas, explicando repetidamente que entre liberdade de expressão, mentira e invenção de informações, há um abismo natural e incontestável.
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