O mundo de olho nas eleições dos EUA
- danieltrouche
- 10 de nov. de 2020
- 3 min de leitura
Disputa revela polarização e pode ser um tipo de prévia do que virá pela frente nas eleições municipais e na política do Brasil.
Texto inicialmente publicado no Medium.

Mapa de votos das eleições americanas até as 16h30 do dia 4 de novembro.
As eleições nos Estados Unidos vêm se mostrando como um verdadeiro referendo mundial entre a democracia e um quase absolutismo, como se observa nas ameaças constantes da política do presidente Donald Trump. O favoritismo do democrata Joe Biden vai prevalecer sobre o republicano Trump? A divisão no eleitorado americano e os votos dos delegados estão sendo disputados a cada palmo, e o pleito ainda não foi definido. Em alguns estados a diferença de votos entre os candidatos é de poucos milhares de eleitores.
As principais diferenças entre um governo Trump e Biden afetam praticamente todos os aspectos do país e também sua política internacional. Com Trump, os Estados Unidos tiveram um presidente agressivo na política e nos negócios, com muita polêmica durante todo o mandato. Deixaram o acordo climático de Paris, sobretaxaram importações, inclusive do aço brasileiro, além de declararem guerra comercial contra a China, mas favoreceram o empresariado, reduzindo os impostos de 35% para 21%. Com Trump, os EUA ainda reforçaram a política armamentista, a exploração do petróleo e do gás, adotaram uma política de imigração com tolerância zero, separando mães de seus filhos, e, para o próximo mandato, se for reeleito, o presidente rejeita investimentos sociais na saúde e educação. Trump opõe-se à Lei da Igualdade que promove os direitos LGBTI e proibiu os transgêneros de servirem as Forças Armadas. Para piorar, sua política de combate a pandemia foi um fracasso. O país já chegou aos 233 mil mortos.
Com Biden, vice-presidente no governo Barack Obama, a saúde deve aumentar o alcance do Obamacare, permitindo que mais pessoas possam escolher um seguro de saúde público; na educação Biden é a favor de vouchers do governo para as escolas privadas; anunciou que vai aumentar o imposto das empresas de 21% para 28%; quer prevenir cortes na Segurança Social para os mais velhos; irá rever as taxas de Trump para a China e vai dar cidadania americana para 800 mil residentes que chegaram quando crianças. Na questão da energia promete investir em energia limpa e em justiça ambiental; na questão LGBTI, é favorável ao casamento e medidas de proteção a homossexuais e transgêneros.
Estas diferenças conservadoras e progressistas podem acabar sendo decididas na Justiça, já indicou Trump, que não deve aceitar uma eventual derrota. Chegou a afirmar que mesmo antes da contagem final dos votos, se estivesse na frente se declararia vencedor. Na prática, até aqui a eleição deverá ser decidida nos estados de Wisconsin, Michigan e Pensilvânia, o chamado Cinturão da Ferrugem, como ocorreu em 2016.
E para o Brasil? O país possui uma representatividade importante, principalmente como uma liderança na América do Sul e entre os países considerados em desenvolvimento. O presidente Bolsonaro é notoriamente pró-Trump, apesar de não ser papel de um chefe de Estado se manifestar acerca da política de um outro país. Em seus dois anos de governo, o presidente fez uma série de agrados ao presidente Trump, como ceder a base-militar de Alcântara para uso do exército americano, tirar a necessidade de visto para entrada no Brasil, comprar etanol de milho americano apesar do Brasil ser produtor de etanol a base de cana, e até chegou a dizer que ama Trump, em um ensaiado “I love you”. As tentativas de aproximação foram sempre públicas, mas, e se Joe Biden vencer? Ao que tudo indica, o Brasil terá que mudar seu posicionamento internacional se não quiser ficar completamente isolado no mundo. Isto em caso de vitória democrata. Principalmente na questão ambiental, o Brasil teria que dar uma virada em 180º em seu posicionamento.
Eleições no Brasil
Assim como acontece com os norte-americanos, no Brasil também vivemos em plena polarização política e as eleições são a grande força da população para participar efetivamente das escolhas democráticas. Elas decidem muito sobre os próximos quatro anos e as eleições municipais estão próximas, ocorrem no dia 15 de novembro.
Como escolheremos sobre a educação e a saúde? Que tipo de moral é a mais aceita? Queremos conservar os valores atuais ou talvez seja o momento de mudar? Estamos bem com a devastação do meio-ambiente? Que cidades queremos construir? Qual futuro projetamos para as próximas gerações? Um que seja mais conservador ou mais progressista? Nossas escolhas revelam quem somos e essa é a escolha que fazemos todos os dias, mas principalmente nas eleições, e devemos aproveitar estes momentos com conhecimento e espírito público.
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