The Lighthouse e a sombra humana
- danieltrouche
- 7 de out. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 10 de nov. de 2020
Depois de assistir “The Lighthouse ” e “The Witch”, estou convencido que Robert Eggers já é, ou será, o grande nome do cinema de horror psicológico desta geração. As amplas referências visuais do expressionismo alemão e clássicas da literatura, nos diálogos e na descrição do local em que tudo acontece – singelo, mas complexo, uma pequena ilha onde dois homens cuidam de um farol -, oferecem um aspecto sólido e imersivo no que há de mais aterrador na alma humana, beira as fronteiras da loucura.
Longe do terror vulgar, talvez o do mundo real que ameaça e alude, a obra propositalmente exagera como meio para explorar a degeneração da mente confinada e transpor a decadência física e psicológica. Qualquer livre associação a H.P. Lovecraft não é mera coincidência. Há mitos envolvidos e, neste aspecto, há ainda uma angústia transcendental de ordem mitológica, como na citação a Prometeu e Netuno.
Seria o martírio uma consequência do isolamento no farol de uma ilha esquecida, ou o isolamento em meio à uma tempestade inesgotável é o fim inescapável de vidas muito degradadas? Perguntem àqueles que já estiveram confinados contra a sua vontade. Os que olham para além do “óbvio” certamente têm algo a dizer. O som, a iluminação, a imagem em preto e branco e o enquadramento apontam para uma direção magistral que nada deixa escapar, onde se compõe as transformações apresentadas: do conformismo que primeiro surge como acordo inquebrável até a metamorfose que libera o monstro preso na gaiola. As atuações de Willem Dafoe (como o velho faroleiro) e Robert Pattinson (como o zelador temporário) são convincentes e conduzem para a fronteira primitiva situada no âmago dos personagens, e por isso acompanham a genialidade de Eggers em demonstrar como isto está encrustado na personalidade humana.
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